terça-feira, 23 de maio de 2017

o bom de ficar incomodado
é que faz a gente sair do lugar e mudar
verbo esse que me da o maior poder e vida

o que mais eu posso mimar e cuidar se não eu mesma e meu espaço?
preciso de atenão e gentileza de mim

antes eu tinha minhas mãos trêmulas, meu corpo molhado, os olhos bem abertos e meu coração quente. hoje sinto que apenas sigo caminhando 1234567 sempre no ritmo e sem olhar para os lados e para mim, já que não há mais tempo para postergar a conquista de territórios.
as vezes sinto que minhas profundezas viraram práticas e, como na parte abissal do mar, habitam seres complexos e estranhos que ninguém está vendo nesse momento. eu sou o mar e sinto

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

As bads tem um ciclo, que nem gripe.
As vezes na vida temos que morrer um pouco para renascer, eu sinto que quando a vida não me proporciona esses movimentos eles vem de dentro de mim, me nublando pelos próprios olhos tornando a minha visão absolutamente cinza e turva para porder chover, sempre prenuncio do sol que nasce na manhã seguinte.
De vez em quando é verão nas nossas vidas, e esse ciclo acontece diariamente. Paciência. Só o tempo faz passar os dias para mudar de estação

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

caderno e identidade

penso por que criança. por que repetições. a linguagem que os erros não travam, que o finalizado não manda matar o que se esboça em um sopro de movimento ou gesto.
é uma questão de respeito.
eu posso como quiser, já que já sei, que sou potência - e então escolho retornar a verdade, ao cru, para não ter medo desse começo. claro que há de se avançar, mas aos passos que são naturais de um amadurecimento. Linguagem não cresce como gente, e nem essas são coerentes como se pensam que são.
quero a liberdade para inventar como quiser e escolher separar as palavras como quiser, não como se ensinaram aos sete anos. revisito criança. aprendo, acredito, observo e respeito.
repito palavras. quais são as minhas regras?
não me incomodo com as regras, acho que gosto delas, só há de se pensar em quais.
terceira tarde no arpoador. última. dessa vez o mar bravo bate e cobre por completo as pedras de baixo, se espalha e volta como uma renda. água bate brava e dói, impacto voa para cima e depois se espalha como uma renda, retorna ao mar. véu, feminino, parece escolha, mas parece mais que é mesmo dessa forma que tem que ser.
chora e escorre pelas pedras mais altas, volta novamente, não há fim e graças a deus.
no fim o meu mundo é todo um e essa água sou eu, penso que não sou uma pessoa pedra, há aqueles que são, das que se sentam em cima às que são banhadas. também não sou uma pessoa céu, daquelas que se perdem os pássaros e is olhares, eu sou mar, e não de onde vejo os barcos longínquos, sou esse que as espumas delimitam que vira onda e renda a pedra.
com gotas do mar em mim, cada vez mais e eu agradeço


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

nada tem arejado minha vida
minha sinusite me bloqueia e eu sinto vontade de doces gelados para matar a sede
é preciso tirar o casaco que eu não visto
estou a impaciência e o que marca meu tempo é que é época de p a c i ê n c i a 
para meu cabelo crescer
para conhecer um amor
para chegar minha viagem
para arrumar um trabalho
para sair do país

para decidir.

sou potência mas me sinto pequena; semente:
-se eu plantar uma vestido feito de sementes, será que nasce uma árvore de vestidos? carro de semente, árvore de carro. piscina de sementes, árvore de piscina. anel de semente, árvore de anéis. cachorro de sementes, árvore de cachorro. 
a clara, que tem cinco anos, ri e bate palma com as especulações. olha-la de longe me faz esboçar um sorriso de gente que acredita, e lembrei que hoje mesmo minha mãe me falava sobre plantar e regar os sonhos...
um dia desci para falar com meu pai, que estava trabalhando no jardim do prédio. vi as plantas, um casal de bem te vi conversando e descobri que eles moram na árvore da frente. ela é bem grande e tem muitos anos, talvez-com-certeza muitos mais anos que esse prédio, e se eu tenho certeza de uma verdade misteriosa, é que ela já foi semente, mudinha, pézinho miudo que ninguém arrancou. acho que ninguém nem viu. por acaso ou cuidado, cresceu e engrossou, de verde flexível ficou dura e marrom, respeitável e enorme, casa de casal de passarinhos. nunca vou tocar sua trajetória por que ninguém vê arvore ficando maior e nem presta atenção ao longo dos anos, mas isso aconteceu, isso é lindo, e ainda em que o mundo protege esses processos dos seres humanos sem sensibilidade nem coração, talvez limitações cognitivas - nosso corpo não registra o processo do tempo do que é externo e gradual a nós, não temos maquina para isso- e deixa desperto a primeira, tão pequena folha de curiosidade impossível naqueles especiais que liberam sua mente para devaneios durante uma tarde e esmagam seu peito de angustia por saber que podia ser tudo mais elevado, eu, nós todos e só você.  

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

me recordo de um dos meio tempos atrás que vivi há mais de ano. mais de dois, talvez três- já cheguei na idade que dois ou três anos se diluem e confundem no meu tempo, e que é rídicula, pois acha que essa quantidade perdida na contagem da vida seria grande coisa. vinte e quase três.
as amizades são uma coisa muito linda e coloquei na gaveta essa minha contatação. estou animada de pensar que viria a conhecer nossas pessoas , em um novo contexto, por um simples esboço de viagem de final de ano.

acho que ando com prioridades equivocadas em minha vida - opto por bolsas lindas nas quais não cabem cadernos, assim, em meus momentos de ócio, de espera e tédio, não lanço mão facilmente de uma folha e caneta para reorganizar meus pensamentos, torna-los palpáveis, perder o medo das ideias trazendo para o mundo concreto. ponta, tinta, músculo e movimento.  deixar fluir a cabeça não é bom.

preciso e hei de organizar minha agenda a partir dessa segunda, pautada nas coisas que percebo precisar. rotina de exercício mental, espiritual e físico é uma delas. horas de sono suficientes para o meu conforto e não ficar a merce de projetos alheios que me engolem. tomar decisões antes de consultar qualquer ser vivo do meu lado.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

eu sinto a virada do ano na pele. janeiro e dezembro eu respiro a mudança, a calmaria, a matéria do meu corpo muda. como calçar o mesmo modelo de sapato que já tive vários. preciso deles, repetir. eu sinto o respiro que eu dei na janela do apartamento da minha tia na praia grande, era da lavanderia que eu via o mar, e sinto também o trecho da descoberta do mundo em que eu li a clarice falando sobre marés e oscilações. ou sobre ficar acordada de noite, somando café.
me questiono se eu sinto renovação ou esses meses são como um tanque de líquido colorido em uma capsula de vidro em que meu corpo se deita e é fechado, com vários tubos, em um sono de paz e revigoração. é a hora que eles me reparam, andróide das telas dos computadores, sujo de da poeira de são paulo e amassado pelos tropeços amorosos e profissionais. todos terminamos assim, não falo apenas de mim mesma, até que meu estado é bom, resistente... como uma revisão inevitável do carro. só que a gente não se troca, o que reforça a necessidade de mudar de calçados mesmo mantendo o mesmo modelo. desde pequena me sinto dentro disso quando deitava na banheira quente, apenas com meu rosto para fora. nada aquece como a água, nada cura como a água e água para mim é puro amor e vida. cortar meu cabelo e puder molhar minha cabeça é voltar a mim mesma e ao contato com meus fluxos e pele, não tem imagem que tenha mais valor ao retorno a mim mesma e para fazer tudo isso, estar sozinha é melhor, é ótimo, ninguém faz tudo de revitalização a dois. não faz. fazem outras coisas, mas esse, da banheira, das cores, esse da minha vida, nunca coube mais que eu, e isso é ótimo, é maravilhoso!